Helen
Keller e a professora Anne Sullivan (1887)
“O dia mais importante de toda
minha vida foi o da chegada de minha professora Sullivan. Fico profundamente
emocionada, quando penso no contraste imensurável das duas vidas que se
juntaram. Ela chegou no dia 3 de março do 1887, três meses antes de eu
completar 7 anos”
“Belos
dias como estes, fazem o coração bater ao compasso de uma musica que nenhum
silêncio poderá destruir. É maravilhoso ter ouvidos e olhos na alma. Isto
completa a glória de viver”.
HELEN KELLER
A vida
do Helen Adams Keller a história de uma criança que aos dezoito meses de idade
ficou cega e surda e de sua luta árdua e vitoriosa para se integrar na
sociedade, tornando-se além de celebre escritora, filosofa e conferencista, uma
personagem famosa pelo trabalho incessante que desenvolveu para o bem estar das
pessoas portadoras de deficiências.
Nasceu
em 27 de junho de 1880 em Tuscumbia, Alabama, descendendo de família
tradicional do Sul dos Estados Unidos. Seu pai, Capitão Arthur Keller, era
homem de influência em sua comunidade, editor do Jornal “The Tuscumbia
Alabamian” e foi nomeado Prefeito do Alabama do Norte em 1685.
Helen
Keller perdeu subitamente a visão e a audição devido a uma doença que foi
diagnosticada naquela época, como febre cerebral, sondo provável que tenha sido
escarlatina. Passou Os primeiros anos de sua infância sem orientação adequada
que lhe permitisse desenvolver-se aprendendo sobre o mundo ao seu redor.
Alguns
meses antes de Helen completar 7 anos de idade, Anne Sullivan, uma professora
de vinte a um anos, foi morar em sua casa para ensina-la. A chegada de Anne na
case do Helen dou-se no dia 3 do março de 1687.
A
professora Anne Sullivan havia estudado na Escola Perkins para Cegos (Perkins
School for the Blind) pois, quando criança tinha sido cega, mas recuperou a
visão através de nove operações. Sua indicação para ensinar Helen foi feita por
Alexander Graham Bell, que havia sido procurado pelos pais de Helen. Desde essa
época, professora e aluna, tornaram-se inseparáveis até a morte do Anne
Sullivan em 1935.
Até a
chegada da professora, Helen Keller ainda não falava e não compreendia o
significado das coisas.
Anne
Sullivan assumiu a tarefa de ensinar Helen e para isso necessitou de muita
coragem a persistência. As alunas cegas da Escola Perkins fizeram-lhe uma
boneca pare levar A Helen. o vestido dessa boneca to feito por Laura Bridgman,
primeira cega-surda educada na Perkins. Anne Sullivan iniciou seu trabalho com
Helen utilizando a boneca e tentando relacionar o objeto à palavra atreves da
soletração da palavra “BONECA” pelo alfabeto manual. Helen logo aprendeu a
repetir as letras corretamente, mas não sabia que as palavras significavam
coisas. Aprendeu através desse método, um tanto incompreensível para ela, a
soletrar, com o uso das mãos, varias palavras.
No dia
5 do abril de 1887 Helen e sua professora estavam no quintal da casa. perto de
um poço, bombeando água. A professora Sullivan colocou a mão de Helen na água
fria o sobre a outra mão soletrou a palavra “água” primeiro vagarosamente,
depois rapidamente. De repente, os sinais atingiram a consciência de Helen
agora com um significado. Ela aprendeu que “água” significava algo frio e
fresco que escorria entre suas mãos. A seguir, tocou a terra e pediu o nome
daquilo e, a anoitecer já havia relacionado trinta palavras a seus
significados.
Este
foi o começo da educação de Helen Keller. Numa sucessão rápida ela aprendeu os
alfabetos braille e manual, facilitando assim, sua aprendizagem da escrita e
leitura. Em 1890 ela surpreendeu a “Professora” (como chamava à Anne Sullivan)
pedindo para aprender a falar. Helen Keller aprendeu a falar aos dez anos. “Eu
tinha dez anos quando Annie *Annie é o tratamento familiar de Anne* me levou a
primeira lição de linguagem falada em casa de Miss Sarah Fuller (Diretoria da
Escola de Surdos Horace Mann). Os poucos sons que eu então produzia, eram
ruídos inexpressivos, quase sempre roucos, pelo esforço que empregava para
obtê-los. Pondo minha mão em seu rosto, para que eu sentisse a vibração de sua
voz, Miss Fuller ia repetindo vagarosamente e muito claro, o som *ahm*,
enquanto Miss Sullivan soletrava a palavra *ahm* na minha mão. Eu ia imitando
come podia, conseguindo ao fim de algum tempo, articular o som a contento da
mestra. Ao final de minha décima primeira lição, fiz uma surpresa para Annie,
puxei-a pelo braço, coloquei a posição da língua e disse claramente: “EU NÃO
SOU MAIS MUDA”.
Sob a
orientação de Anne Sullivan, matriculou-se no Instituto Horace Mann para Surdos
de Boston e depois na Escola Wright-Humason Oral de Nova Yorque onde, durante
dois anos, recebeu lições de linguagem falada e de leitura pelos lábios.
Helen
Keller além de aprender a ler, escrever e falar demonstrou, também, excepcional
eficiência no estudo das disciplinas do currículo regular.
Quando
pequena, Helen Keller costumava dizer: “Algum dia cursarei uma faculdade” e de
fato cursou. E 1898 entrou na Escola Cambridge para Mocas; em 1900, para a
Universidade Radcliffe onde, em 1904, recebeu seu diploma de bacharel em
filosofia. Durante seu período de estudante a professora Anne Sullivan foi sua
orientadora constante transmitindo todas as aulas para Helen, através do
alfabeto manual, encorajando-a e estimulando-a. todos os livros de consulta que
não existiam em braille eram laboriosamente soletrados nas mãos de Helen. Além
das aulas da Universidade, Anne soletrava aulas de francês, latim e alemão.
Com a
obtenção de seu grau de bacharel, acabaram-se os dias de educação formal de
Helen. Todavia, através de toda sua vida, continuou a estudar e manter-se
informada sobre todos os assuntos de importância para o mundo moderno. Em
reconhecimento de sua capacidade e realizações acadêmicas, Helen Keller recebeu
títulos e diplomas honorários das Universidades Temple e de Harward e das
Universidades da Escócia (Glasgow)! Alemanha (Berlim), índia (Nova Delhi) e de
Witwaterstrand (Johannesburg. África do Sul).
Em
1905 a professora Anne Sullivan casou-se com John A. Macy, eminente critico
literário. o casamento não interrompeu o relacionamento de aluna e professora.
Helen Keller foi morar com o casal que continuou auxiliando-a em seus estudos e
outras atividades. Antes de se formar Helen Keller fez sua estréia na
literatura escrevendo sua autobiografia “A História de Minha Vida”, publicada
em 1902, e em seguida no Jornalismo com
uma serie de artigos no “Ladies Home Journal”. A partir dessa data não parou
mais de escrever. Em seus trabalhos literários Helen usava a máquina de
datilografia braille preparando os manuscritos e depois copiava-os numa máquina
de datilografia comum.
Escreveu
inúmeros artigos para revistas e alem da “História de Minha Vida”, escreveu
vários livros entre os quais:
“Otimismo - um ensaio”
“A Canção do Muro de
Pedra”
“O Mundo em que Vivo”
“Lutando Contra as
Trevas” (Minha professora Anne Sullivan Macy).
“Minha Religião”
“Minha Vida de Mulher”
“Paz no Crepúsculo”
“Helen Keller na
Escócia”
“O Diário de Helen
Keller”
“Vamos ter Fé”
“Dedicação de Uma Vida”
“A Porta Aberta”
Seus
livros foram transcritos em várias línguas. Em 1954, “A História de Minha
Vida”, após cinqüenta anos de sua primeira publicação como livro, foi traduzido
em cinqüenta línguas.
Poucos
anos antes de sua morte, Mark Twain disse: “As duas personalidades mais
interessantes do Século XIX são Napoleão e Helen Keller”.
William
James escreveu sobre Helen Keller: “Mas o que quer que você tenha sido ou é,
você é uma benção. Sou capaz de matar a quem disser que não”.
Esses
sentimentos expressos por dois amigos de sua juventude foram partilhados
durante anos por homens e mulheres famosos e proeminentes de todo o mundo, cuja
amizade Helen Keller manteve.
Helen
Keller recebeu numerosos prêmios de grande distinção. Em junho de 1952 foi
feita Cavaleiro da Legião de Honra da França.
Em
reconhecimento ao estimulo que seu exemplo e presença deram aos trabalhos para
cegos nos paises que visitou, os governos do Brasil, Japão, Filipinas e Líbano
conferiram-lhe, respectivamente, as seguintes condecorações: Ordem do Cruzeiro
do Sul, do Tesouro Sagrado, do Coração de Ouro e Medalha de Ouro de Mérito.
Helen
Keller recebeu também, o Prêmio Américas para a União Interamericana, o premio
Medalha de Ouro do Instituto Nacional de Ciências Sociais e outros.
Tornou-se
membro honorária de sociedades científicas e organizações filantrópicas dos
cinco continentes.
No
Qüinquagésimo aniversário de sua graduação, a Universidade Radcliffe
outorgou-lhe o “Prêmio Destaque a Aluno”.
Uma
grande honraria foi também concedida a Helen Keller, em 1954, quando seu local
de nascimento, Ivy Green, em Tuscumbia, foi transformado em museu permanente.
A cerimônia realizou-se em 7 de malo de 1954, com a presença de diretores da
American Foundation for the Blind e de outras autoridades. Juntamente com esse
acontecimento, realizou-se, também, a premier do filme biográfico de Helen
Keller, “Os Inconquistados” o fume posteriormente recebeu novo titulo “Helen
Keller e sua História”. Em 1955 esse filme ganhou o prêmio da Academia de Artes
e Ciências Cinematográficas, como o melhor documentário de longa metragem do
ano.
Durante
sua vida, Helen Keller viveu em vários lugares diferentes: Tuscumbia, Alabama;
Cambridge e Wrentham, Massachusetts; Forest Hills, Nova Yorque, mas talvez sua
residência favorita tenha sido a última, a casa em Westport, Connecticut,
chamada “Arcan Ridge”, de estrutura branca, para onde se mudou, após
a morte de Anne Sullivan. E foi “Arcan Ridge”, que ela chamou do lar pelo resto
de sua vida. Apbs a morte da “Professora”, Polly Thomson, uma senhora escocesa
que já vivia em casa de Helen Keller desde 1914, assumiu a tarefa de auxilia-la
em seu trabalho. Após a morte de Polly Thomson, em 1960, uma companheira e
enfermeira, a Sra Winifred Corbally, assistiu-a até seu último dia.
Helen
Keller fez sus ultima aparição em publico num encontro do Lions Club de
Washington, D.C. Nesse encontro ela recebeu o “Prêmio Humanitário Lions” por
sua vida dedicada a servir a humanidade e por inspirar a adoção de programas de
ajuda aos cegos e conservação da visão do Lions International. Durante sua
viagem a Washington, foi recebida pelo Presidente Kennedy. Na ocasião, um
repórter perguntou quantos presidentes havia conhecido e Helen Keller respondeu
que não sabia quantos, mas que conheceu a todos desde Grover Cleveland.
Após
1961, Helen Keller viveu tranqüilamente em “Arcan Ridge”, onde recebia a
família, amigos íntimos e membros da American Foundation for the Blind e da
American Foundation for Overseas Blind (hoje Helen Keller International
Incorporated). Passava a maior pane do seu tempo lendo. Seus livros favoritos
foram a Bíblia e volumes de poesia e filosofia.
Apesar
de seu afastamento da vida pública, Helen Keller não foi esquecida. Em 1964
recebeu a “Medalha Presidencial da Liberdade”, a maior honra de seu país.
Em
1965, foi uma das vinte eleitas para o Hall da Fama Feminina, na Feira Mundial
de Nova Yorque. Helen Keller e Eleanor Roosevelt receberam a maioria dos votos
entre as cem mulheres indicadas.
Helen
Keller faleceu em 19 de junho de 1968, em “Arcan Ridge”, sigumas semanas antes
de completar 88 anos. Suas cinzas foram depositadas no lado das de Anne
Sullivan Macy e Polly Thomson na Capela de São José, na Catedral de Washington.
A cerimônia compareceram sua família e amigos, autoridades do governo, pessoas
proeminentes de todos os setores e delegações da maioria das organizações para
cegos e surdos.
No seu
ultimo adeus, o Senador Lister Hill, do Alabama, expressou ss sentimentos de
todo o mundo quando disse a respeito de Helen Keller:
-- “Ela viverá; ela foi
um dos poucos nomes, imortais, que não nasceu para morrer. Seu espírito
perdurarA enquanto o homem puder ler e história puderem ser contadas sobre a
mulher que mostrou ao mundo que não existem limitações para a coragem e a fé”.
Helen
Keller foi por si mesma uma grande obra de educação, pois dedicou sua vida ao
trabalho para o bem estar das pessoas cegas e surdo-cegas, influenciando na
criação de legislação e serviços especializados.
E por
tudo isso ela foi chamada por seus amigos americanos “A primeira mulher de
coragem do mundo”.
Os
escritos e pensamentos de Helen Keller traduzem espírito de coragem e força de
vontade.
Estas
são algumas freses extraídas de suas obras:
“Não
há melhor maneira de agradecer a Deus pela visão, do que dar ajude a alguém que
não a possui”.
“Se
metade do dinheiro hoje gasto em curar cegueira, fosse utilizado em preveni-la,
a sociedade ganharia em termos de economia sem mencionar considerações de
felicidade para a humanidade”.
“Que
toda criança cega tenha oportunidade de receber educação e todo adulto cego,
uma oportunidade para treinamento e trabalho útil”,
“Quando
uma porta de felicidade fecha-se, uma outra se abre; mas muitas vezes, nós
olhamos tão demoradamente para a porta fechada que não podemos ver aquela que
se abriu diante de nós”.
É
maravilhoso ter ouvidos e olhos na alma. Isto completa a alegria de viver”.
“Não
há barreiras que o ser humano não possa transpor”.
“Por
muitos anos, não dispusemos de criada alguma, por falta de recursos. Aprendi a
fazer tudo o que podia, para ajudar minha professora. Todas as manhãs, ela
levava o marido de carro à estação, onde ele tomava o trem pata Boston, para
depois se ocupar das compras. Eu tirava a mesa, lavava a louça e arrumava os
quartos. Podiam estar clamando por mim montanhas de cartas, livros e artigos
para escrever, mas, a casa era a casa, alguém tinha de fazer as camas, colher
flores, catar lenha, por o moinho de vento a andar e para-lo quando a caixa
estivesse cheia, enfim, ter em mente essas coisas imperceptíveis que fazem a
felicidade da família. Quem gosta de trabalhar sabe como é agradável a gente
estar ajudando as pessoas a quem estimamos nas tarefas diárias de casa”.
FONTES
DE CONSULTA
AMERICAN
FOUNDATION FOR THE BLIND, INC. - Helen Keller ENCICLOPÉDIA SARSA -
RJ/SP. Encyclopedia
Britannica Editores Ltda, 1967
FUNDAQAO PARA O LIVRO DO
CEGO NO BRASIL - Arquivos ENCICLOPÉDIA GLOBO - R.S., Globo, 1969
ENCICLOPCDIA OBJETIVA UNIVERSAL. SP/RJIPR, Expel Distribuição exclusiva, s/d
KELLER, Helen - Lutando
contra as trevas. RJ, Fundo de Cultura, C. 1957.
Helen
Keller 1880-1968
Ameiii ... Um grande exemplo para Humanidade
ResponderExcluirNossa foi uma grande mulher !! Mesmo diante das dificuldades foi firme com o que queria!!,grande exemplo a Helen Keller amei !!
ResponderExcluirfoi uma grande mulher a helen keller
ResponderExcluirHELEN KELLER, NÃO ERA CEGA, TINHA UMA VISÃO ESPIRITUAL INTERNA, QUE NÓS QUE TEMOS VISÃO, NÃO TEMOS..
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