domingo, 22 de julho de 2012

Francisco Peixoto Lins (Peixotinho)




Nasceu na cidade de Pacatuba, Estado do Ceará, no dia 1º de fevereiro de 1905, desencarnando na cidade de Campos, Estado do Rio de Janeiro, em 16 de junho de 1966.

Seus pais foram Miguel Peixoto Lins e Joana Alves Peixoto. Bem cedo ficou órfão de pai e mãe e passou a conviver com seus tios maternos, em Fortaleza, Estado do Ceará, onde fez o curso primário. Em seguida matriculou-se no Seminário Católico, de acordo com o desejo de seus tios, que desejavam vê-lo seguir a carreira eclesiástica. No Seminário, sofreu várias penas disciplinares por manifestar a seus educadores dúvidas sobre os dogmas da Igreja. Observando as desigualdades humanas, tanto no campo físico como no social, ficou em dúvida no tocante à paternidade e bondade de Deus. Se todos eram seus filhos, por que tantas diversidades?− ele indagava. Por que razões insondáveis uns nascem fisicamente perfeitos e outros deformados? Uns portadores de virtudes angelicais e outros acometidos de mau caráter? Dizia então: Se Deus existe, não é esse ser unilateral de que fala a religião católica. Desejava saber e inquiria os seus confessores, os quais, diante das indagações arrojadas do menino, usavam o castigo e a penitência como corretivo.

Aos 14 anos de idade, desistiu do Seminário e, com a permissão dos tios, transferiu-se para o Estado do Amazonas, em busca de melhores dias, enfrentando os trabalhos árduos dos seringais. Ali trabalhou cerca de dois anos, resolvendo voltar para Fortaleza. Nessa fase de sua vida, nele se manifestaram os primeiros indícios de sua extraordinária mediunidade, sob a forma de terrível obsessão. Envolvido por Espíritos menos esclarecidos, era tomado de estranha força física, tornando-se capaz de lutar contra vários homens e vencê-los, apesar de ter menos de 18 anos e ser fisicamente franzino. Esse estado anômalo acontecia a qualquer hora e Peixotinho, temendo consequências mais graves, deliberou não mais sair de casa. Ali ficou acometido de nova influenciação dos Espíritos trevosos, ficando desprendido do corpo cerca de 20 horas, num estado cataléptico, quase chegando a ser sepultado vivo, pois seus familiares o tinham dado como desencarnado.

Depois desse episódio, sofreu uma paralisia que o prostrou num leito de dor durante seis meses. Nessa fase, um dos seus vizinhos, membro de uma sociedade espírita de Fortaleza, movido de íntima compaixão pelos seus sofrimentos, solicitou permissão à sua família, para prestar-lhe socorro espiritual com passes e preces. Ninguém em sua casa tinha conhecimento do Espiritismo e seus familiares também não atinavam com o verdadeiro estado do paciente, uma vez que o tratamento médico a que se submetia não lhe dava qualquer esperança de restabelecimento. O seu vizinho iniciou o tratamento com o Evangelho no Lar, aplicando-lhe passes e dando-lhe de beber água fluida. A fim de distrair-se, Peixotinho começou a ler alguns romances espíritas e posteriormente as obras da Codificação Kardequiana. Em menos de um mês apresentava sensível melhora em seu estado físico e progressivamente foi libertando-se da falsa enfermidade.

Logo que conseguiu andar, passou a frequentar o Centro Espírita onde militava o major Vianna de Carvalho, que, na época, estava prestando serviço ao Exército Nacional em Fortaleza. A terrível obsessão foi a sua Estrada de Damasco. O conhecimento da lei da reencarnação veio equacionar os velhos problemas que atormentavam a sua mente, dirimindo todas as dúvidas que o Seminário não conseguira desfazer. Passou assim a compreender a incomensurável bondade de Deus, dando a mesma oportunidade a todos os seus filhos na caminhada rumo à redenção espiritual.

Orientado pelo major Vianna de Carvalho, Peixotinho iniciou o seu desenvolvimento mediúnico. Tornou-se um dos mais famosos médiuns de materializações e efeitos físicos. Por seu intermédio, produziram-se as famosas materializações luminosas e uma série dos mais peculiares fenômenos, tudo dentro da maior seriedade e nos moldes preceituados pela Doutrina Espírita.

Em 1926, foi convocado para o serviço militar e transferido para o Rio de Janeiro, sendo incluído em um batalhão do exército, na cidade fluminense de Macaé. Ali se dedicou com amor à prática do Espiritismo e, com um grupo de abnegados companheiros, fundou o Centro Espírita Pedro, instituição que, por muito tempo, foi a sua oficina de trabalho.

Em 1933, consorciou-se com Benedita Vieira Fernandes, de cujo matrimônio tiveram vários filhos. Por força da sua carreira militar, foi transferido várias vezes, servindo em Imbituba, Santa Catarina; Santos, São Paulo; no antigo Distrito Federal e em Campos, Rio de Janeiro. Onde chegava, procurava logo servir à causa espírita.

No ano de 1945, na cidade do Rio de Janeiro, encontrou-se com vários confrades, dentre eles Antônio Alves Ferreira, velho companheiro no Grupo Espírita Pedro, de Macaé. Nessa época passou a frequentar o Culto Cristão no Lar, realizado sistematicamente na residência daquele confrade. Posteriormente, unindo-se a Jacques Aboab e Amadeu Santos, resolveram fundar o Grupo Espírita André Luiz, que inicialmente funcionou na Rua Moncorvo Filho, 27, onde se produziram, pela sua mediunidade, as mais belas sessões de materializações luminosas, as quais ensejaram ao Dr. Rafael Ranieri a oportunidade de lançar um livro com esse mesmo título. Peixotinho prestava também o seu valioso concurso como médium receitista e curador.

No ano de 1948, encontrando-se pela primeira vez com o médium Francisco Cândido Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo, teve a oportunidade de propiciar aos confrades daquela cidade, belíssimas sessões de materializações e assistência aos enfermos.

Em 1949, foi transferido definitivamente para a cidade de Campos, onde participou dos trabalhos do Grupo Joana D’Arc. Fundou também o Grupo Espírita Araci, em homenagem ao seu guia espiritual.

Peixotinho sofria de broncopneumonia, enfermidade que lhe causava muitos dissabores, porém ele suportava tudo com estoicismo, o mesmo podendo-se dizer das calúnias de que foi vítima, como são vítimas todos os médiuns sérios que se colocam a serviço do Evangelho de Jesus, dando de graça o que de graça recebem.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Francisco Velloso


Dados Biográficos de Francisco Velloso (1882- 1962)



(Por Maria Aparecida Bergman, nascida Velloso de Aguiar)





Francisco Velloso em 1952



FRANCISCO VELLOSO, inspirado nos ensinamentos da Doutrina Consoladora, foi um dos grandes pioneiros anônimos da Causa Espírita em terras brasileiras.
No jornalismo, escreveu em jornais dele próprio e de outros; nas tribunas de todo o Estado de São Paulo, proferiu tocantes palestras, quando lotavam os salões dos Centros Espíritas para ouvi-lo, pois foi possuidor de belíssimo dom de oratória.
Muito lutou em defesa dos hansenianos ou leprosos, dos “loucos”, dos oprimidos e perseguidos, dos prisioneiros dos cárceres no plano físico e das obsessões, dos animais, e do meio-ambiente.
Atuou na sociedade de várias cidades paulistas, como dentista, escrivão de polícia, jornalista, escritor, tradutor, orador e polemista espírita, fundador e diretor de Centros Espíritas, doutrinador, amigo, tio, pai, marido e depois avô devotado, e exerceu ainda, muitas outras funções. Sobretudo foi fiel seguidor da Doutrina do Divino Mestre Jesus.
Por volta de 1913 a 1916, ia ele, juntamente com alguns seus companheiros espíritas e cristãos intrépidos como ele mesmo, para os arredores da cidade onde viviam (Bebedouro – S. Paulo) em Busca dos hansenianos, que apodreciam em vida, esmolando, escorraçados para os arrabaldes como seres impuros e ameaçadores.
Levavam-lhes medicamentos, curativos, comida, roupas confeccionadas em sua casa, etc.. Recebiam dos doentes cartas que esses escreviam para serem postadas, pois eram proibidos de entrarem nas cidades. Francisco Velloso e esposa com as mãos enluvadas e com extremos cuidados higiênicos colocavam essas cartas em novos envelopes, subscritavam-nas e levavam para serem postadas. Com o tempo, depois de realizarem muitas campanhas nos Centros Espíritas e entre a população pobre da cidade, conseguiram levantar um abrigo, que aos poucos foi se transformando em hospital para aqueles seres banidos da sociedade de então.
Muitas vezes Francisco Velloso levou leprosos, como também, grandes criminosos, depois de cumprirem pena, para viverem em sua casa, junto de sua família, onde com o apoio incondicional de sua esposa, Dna. Mariquinhas, (Maria Carneiro Rangel Velloso – 15.04.1887 – 28.09.1933) médium, detentora de diferentes tipos de mediunidades, tratava e cuidava deles, até que ficassem curados ou melhorassem, ajudando-os a reintegrar-se na sociedade, e por outras vezes fazendo-lhes, piedosamente o sepultamento dos restos mortais.
Alguns jovens, filhos de infelizes socorridos por ele, cresceram em sua casa, como filhos adotivos seus, e, tanto quanto seus filhos legítimos (que foram quinze, sendo que somente sete cresceram e procriaram) os sobrinhos, os cunhados, o amavam como pai, mestre e benfeitor, todos venerando e bendizendo seu nome.
Muitos anos depois da desencarnação de Francisco Velloso, possivelmente na década de 1970, seus filhos receberam um convite, vindo de autoridades legislativas da cidade de Bebedouro, convidando-os a participar de uma cerimônia solene, que seria prestada em homenagem àquele que fora ali ilustre e benemérito cidadão. Seria inaugurada, naquela cidade, uma rua em sua memória, a Rua Francisco Velloso.
Atendendo ao convite estava presente naquela solenidade, acompanhada por seu tio José Carneiro Rangel e alguns de seus irmãos, a filha mais velha de Francisco Velloso: Irene Rangel Velloso de Aguiar (1909-2002).  Ela era alí a única pessoa que vivenciara e que retinha na memória os fatos ocorridos naqueles idos tempos do começo do século XX, em que seu pai, sua mãe, ela própria, e a comunidade dos espíritas de Bebedouro e cidades próximas, dedicaram-se aos nobres trabalhos filantrópicos.
Foi então que, chorando de sentida emoção e fazendo chorar a quantos tomaram conhecimento do fato, Irene reconheceu que, naquele exato lugar onde se situa a rua com o nome de seu pai, antes arrabaldes da cidade, havia sido antigamente o local onde Francisco Velloso e outros companheiros haviam levantado o primeiro abrigo da cidade, para socorro dos  hansenianos, “casualidade” esta, da qual nenhuma outra pessoa tinha conhecimento.
Irene afirmava que seu pai, Francisco Velloso, fundara em 1908, juntamente com Miguel Stamato, José Garcia, João Gagliardi e outros companheiros, o “Centro Espírita do Calvário ao Céu”, na cidade de Bebedouro.
Francisco Velloso foi amigo íntimo e colaborador nos labores espiritistas de grandes vultos do Espiritismo no Brasil, como Cairbar Schutel, Pedro de Camargo e muitos outros, amigo e companheiro nas atividades espíritas das  famílias Stamato, Garcia, Gagliardi, Volp e outras de Bebedouro e arredores.
Um de seus filhos, Kardec Rangel Velloso, casou-se com a filha de João Leão Pitta, que tornou-se a Sra. Eugenia Pitta Velloso, professora e diretora de escolas, na cidade de Itanhaém – S.P., onde o casal muito trabalhou também, na seara espírita.
Francisco Velloso desencarnou em 16.10.1962, na cidade de Lorena-S.P., quando faltavam apenas dois meses para completar seus 80 anos de vida utilíssima. Era natural da cidade de Rio Pardo do Norte (atualmente Rio Pardo de Minas) no Estado de Minas Gerais, nascido a 26 de dezembro de 1882. Teve como genitores José Antonio Velloso e Epiphania Ambrozina Caldeira Velloso.


(Texto e fotos recebidos de Maria Aparecida Bergman, Estocolmo, Suécia)

Espíritas de Bebedouro - ano  1913 ou 14  (no alto Cairbar Schutel com uma criança ao colo.)
A família Velloso no ano de 1926 ou 1927
Francisco Velloso, Cairbar Schutel e José Maria Gonçalves-foto do livro Uma Grande Vida, pág.49, de Leopoldo Machado-Ed.O Clarim.
 
Maria Carneiro Rangel Velloso e Francisco Velloso (1930 ou 1932) e
Francisco Velloso aos 25 de dezembro de 1952
Irene Velloso e João Aguiar, mãe e pai de Cidinha Bergman, em Aparecida do Norte-SP., no ano de 1931
1948 ou 1949.  Eugenia Pitta Velloso, filha de João Leão Pitta e esposa de Kardec Rangel Velloso, um dos irmãos de Irene.
1992-Irene Rangel Velloso de Aguiar, mãe de Cidinha Bergman.
Rua Francisco Velloso na Vila Nunes em Lorena, SP.
Na foto irmãos de Irene Velloso e um tio


terça-feira, 17 de julho de 2012

Porque creio que Chico foi Kardec


Porque creio que Chico foi Kardec

Carlos A. Baccelli

Os motivos que me levam a uma convicção pessoal de que Chico Xavier tenha sido a reencarnação de Allan Kardec tão numerosos e distintos são que passarei a expor alguns deles, sem o menor propósito de polemizar em torno do assunto.

Tendo convivido com o médium por mais de 25 anos, não observei diferença significativa entre a sua personalidade e a do Codificador. Consideremos, segundo nos é dado depreender das informações prestadas pelos principais biógrafos de Kardec e dos escritos de sua própria lavra, que ambos eram, quando necessário, austeros e amáveis, determinados e bons.

Chico Xavier - creio que todos concordam a respeito - foi o legítimo continuador de Kardec, no que tange ao desdobramento da codificação e à tarefa de difundi-la, através da palavra e do exemplo.

Após o 2 de Abril de 1910, data do nascimento de Chico, o espírito de Allan Kardec não mais estabeleceu, ele mesmo, qualquer contato mediúnico confiável com os encarnados.

O Espírito Verdade, coordenador espiritual de imensa equipe que o assessorava e um dos seus Protetores, havia lhe informado, em mais de uma ocasião, que, dentro de pouco tempo, ele tornaria a reencarnar para dar seqüência à obra encetada.

O próprio Kardec, elaborando os cálculos, deduziu que a sua volta à Terra se daria no final daquele século ou no começo do outro.

Chico Abraçou a mediunidade aos 17 anos de idade; os Espíritos haviam dito a Allan Kardec que, quando ele voltasse à Terra seria em condições que lhe permitissem trabalhar desde cedo.

Emmanuel, um dos Espíritos Codificadores, foi, ao lado do Dr. Bezerra de Menezes e tantos outros, o coordenador da tarefa mediúnica de Chico Xavier.

O Mentor da "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas" fundada por Kardec, era São Luis; o do Centro Espírita de Pedro Leopoldo, fundado por Chico Xavier, é São Luis Gonzaga.

Se Chico não foi a reencarnação do Codificador, conclui-se naturalmente que ele não reencarnou e que, portanto, o Espírito Verdade se enganou no que lhe disse, o que - convenhamos - colocaria em questão a sua condição espiritual.

Se a espiritualidade superior tivesse mudado de planos - o que é inconcebível, depois de anunciá-los -, porque o grande silêncio de Allan Kardec, através da maior antena psíquica do século: Chico Xavier?

Chico , com freqüência, se referia a Jesus e aos Espíritos amigos, mas pouco mencionava o nome de Allan Kardec.

Para os íntimos, Chico revelava um conhecimento da vida do Codificador que não encontramos em nenhuma de suas biografias. Contou a mim e a outros , por exemplo, que um de seus sobrinhos, após o seu desenlace, entrou na justiça reivindicando parte dos direitos autorais das obras da Codificação, o que, segundo o médium, atrasou a divulgação da Doutrina em 50 anos: Coincidência ou não, Chico teve um sobrinho que lhe criou sérios problemas, em caluniosa difamação plenamente infundada.

Chico não se casou e, embora Kardec tenha se consorciado, segundo o médium, ele e D. Amélie Gabrielle Lacomb Bouded, que era 9 anos mais idosa do que ele, cultivavam um amor puro: ela nutria por ele verdadeiro zelo maternal. Isto me foi dito pelo próprio Chico, conforme a Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, que também estava presente na ocasião, escreveu em um artigo da "Folha Espírita".

Outras "coincidências" nos fazem pensar: Kardec desencarnou em 31 de março e foi sepultado no dia 2 de abril, data do nascimento de Chico Xavier, tendo o seu corpo ficado exposto à visitação pública durante 48 horas; o mesmo pedido foi feito por Chico Xavier aos seus amigos.

Era hábito de Kardec efetuar doações financeiras a amigos em dificuldades, encaminhando-as em nome dos Bons Espíritos; o mesmo fazia Chico Xavier, inclusive empregando a mesma terminologia do Codificador. Diga-o quem, neste sentido, tenha sido beneficiado pelo médium.

Existem fotos de Kardec e Chico que poderiam ser sobrepostas, tal a semelhança de postura entre os dois; é espantosa a semelhança revelada entre as mãos de um e de outro, além do costume de Chico sempre usar paletó, mesmo sendo o Brasil um país de clima tropical.

Em Uberaba, e acreditamos em outras cidades, vários médiuns confirmavam que Chico era a reencarnação de Allan Kardec, inclusive notável medianeira Antusa Ferreira Martins, que era surda-muda e analfabeta, portanto incapaz de ser influenciada por especulações neste sentido.

Entre os que contestam ser Chico a reencarnação de Kardec, há os que afirmam que o Codificador não teria sido tão tolerante quanto Chico o foi com o que lhe sucedia ao redor, envolvendo irmãos de ideal e outros, esquecendo-se de que, em "Obras Póstumas", o Codificador não hesita ao confessar que a "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas" havia se transformado em um foco de intrigas contra ele e que enfrentara inúmeros dissabores inclusive traição.

Chico jamais confirmou ser a reencarnação de Allan Kardec; ao contrário quando não fazia questão de negá-lo, inclusive em entrevistas, respondia reticentemente em torno do assunto.

Poderiam, perfeitamente, ser de Chico Xavier as seguintes palavras de Allan Kardec: "Sentia que não tinha tempo a perder e não perdi; nem em visitas inúteis, nem em cerimônias estéreis. Foi a obra de minha vida. Dei-lhe todo o meu tempo, sacrifiquei-lhe o meu repouso, a minha saúde, porque diante de mim o futuro estava escrito em letras irrecusáveis.

Chico e Kardec eram assim: "Aos domingos - escrevia ainda Leymarie -, sobretudo nos últimos dias de sua vida, convidava amigos para jantar em sua Vila Ségur (Chico os convidava aos sábados, para almoçar). Então, o grave filósofo, depois de haver batido os pontos mais difíceis e mais controvertidos da Doutrina, esforçava-se para entreter os convidados. Mostrava-se expansivo, espalhando bom-humor em todas as oportunidades".

Kardec e Chico, acima de tudo, tinham e têm um acendrado compromisso com o Evangelho de Jesus, em sua obra e em sua vida.
Ao terminar, esclareço que, sendo adepto de uma doutrina de livre expressão, qual é o Espiritismo, reivindico para mim o direito de pensar como penso e deixo exarado neste testemunho, sem, evidentemente, negar a qualquer outro o direito de discordar de minhas convicções, sem que me sinta, necessariamente constrangido a transformar o assunto em polêmica sem proveito, com responder a objeções que o tempo, e somente o tempo, haverá de fazer.

Matéria contida na revista "Goiás Espírita" Ano7 - nº 23 - 2003.

domingo, 15 de julho de 2012

A influência dos Chakras

A influência dos Chakras Entenda como funciona o fluxo energético humano através dos chakras, que desempenham a função de captar e irradiar energia Por Dalton Roque Campos O sânscrito é uma língua erudita da antiga Índia criada principalmente para entoar mantras. Termos que hoje são populares e bem conhecidos como karma e chakras vêm do sânscrito.Todo esse conhecimento antigo consta dos Vedas (estima-se de 5 mil anos a.C. ou mais), divididos em quatro livros sagrados, denominados Rig-veda, Sama-veda, Yajur-veda e Atharma-veda, também referidos como Lei do Eterno ou Sanatdharma. O sânscrito, com 50 caracteres (chamados devanagari), consistia no idioma dos iniciados da antiga Índia. Aproveitamos o ensejo para explicar que hinduísta ou hindu é quem segue os vedas e indiano é quem nasce na Índia. Há indianos que não são hinduístas, a exemplo das comunidades muçulmana, budista e católica. Hinduístas e iogues (rishis), há cerca de 5 a 8 mil anos, já estudavam os chakras, rodas, pontos de energia ou centros de força específicos, que fazem parte do corpo bioenergético (também chamado de duplo etérico, holochacra, energossoma ou campo bioelétrico). Sua função principal radica nas trocas de energia (prana) do meio ambiente para o interior do campo energético e físico. Chakra é a denominação sânscrita dada aos centros de força existentes nos corpos espirituais do ser humano, também chamados lótus ou rodas. Quando inativos, assemelham-se a rodas. Quando despertam, tomam a aparência de uma flor (lótus) aberta, irradiante, de cor clara fulgurante, em razão da frequência da energia das pétalas. No ser humano comum, cada chakra principal possui dois ou três centímetros de diâmetro e fraca luminosidade. As formas e as características luminosas vão se ampliando com o aperfeiçoamento extrafísico.Quanto mais evoluído o ser, mais percebe e emprega com inteligência as funções dos chakras. O Mundaka Upanishad define o chakra como o local onde os nádis ou meridianos se encontram, como os raios no meio de uma roda de carruagem. Os centros são formados pelo encontro dessas linhas de força, do mesmo modo que os plexos, no corpo físico, são formados pelo encontro de nervos. Plexos são concetrações ou feixes do sistema nervoso do corpo físico.Grandes plexos do corpo são associados aos chakras (mas, favor não confundir plexos com chakras). O plexo solar, na altura do estômago, por exemplo, é conhecido da medicina terrena. Já o chakra que se associa ao mesmo, não, pois não se encontra no corpo físico e sim no duplo etérico, portanto, longe do alcance dos equipamentos atuais, embora possa ser constatado facilmente pela clarividência. Quanto mais alto o chakra no corpo humano, maior o número de pétalas, mais elevada e mais alta é a sua frequência. Os sete chakras mais importantes (na ordem de cima para baixo): chakra coronário (cocuruto), chacra frontal ( no meio da testa, entre as sobrancelhas), chakra laríngeo (base da garganta), chakra cardíaco ( no meio do peito), chakra umbilical ou gástrico (dois centímetros acima do umbigo), chakra sacro (sexual) e chakra básico (radical ou perineal). O chakra esplênico (baço) é um chakra secundário, pois não está associado a nenhuma glândula. Desbloqueio energético Os chakras podem estar bloqueados ou sadios, lentos ou rápidos. Dependendo da forma que você conduz sua vida, poderá ter uns ou outros chakras mais desenvolvidos. Há um conceito popular que diz que os chakras se desalinham, mas isto não é verdade. Os chakras podem estar obstruídos, mas nunca desalinhados, embora em deformidades físicas possam estar alterados, conforme o caso. Quem costumeiramente ministra passes ou realiza cirurgias têm os chakras das mãos (palmo-chakras) desenvolvidos. Quem pratica caridade de forma desinteresseira, afetuosa e frequente, floresce o chakras cardíaco. Quem estuda com afinco, profundidade e constância, desenvolve o chakra frontal. O mesmo se aplica ao que vive em função do sexo, no tocante ao chakra sexual, ao emotivo, em relação ao chacra umbilical, e ao orador, locutor e docente, que desenvolve o chakra laríngeo. Quem é muito espiritualizado (independente de professar religião ou não) tem o chakra coronário robusto. Como a conduta (interior e exterior) do indivíduo determina quais os seus chakras mais bem desenvolvidos, há pesquisadores de bioenergias que dividem os segmentos da humanidade em grupos homogêneos, unidos e rotulados em face de seus integrantes priorizarem o(s) mesmo(s) chakra(s). Exemplo: "João é muito umbilicochakra." Leia-se: João possui sentimentos e pensamentos muito densos, relativos ao chakra umbilical, como raiva, inveja, e ciúme. Possui, segundo a Conscienciologia, subcérebro abdominal predominante. Outro exemplo: "Maria é muito cardiochakra." Significa dizer que Maria é muito emotiva. Em outras palavras, os sete principais chakras acima aludidos (coronário, frontal, laríngeo, cardíaco, umbilical, sexual e básico) espelham a mentalidade e o modo de vida diário de cada ser. Quando se disser que o chakra coronário é o que prevalece na vida de determinada pessoa, entenda que ela é muito espiritualizada. Porém, se "vive pelo chacra umbilical", trata-se de indivíduo mais animalizado. Por outro lado, se nele predomina o cardíaco, nele prepondera a índole afetuosa. A seguir, trecho retirado do excelente livro Influências Energéticas Humanas, de Francisco de Carvalho, em produção independente: "Para cada palavra falada, o chacra laríngeo emite uma energia própria. E o chacra frontal também emite energia mental, porque a fala é produto do pensamento. Para cada ato sexual, o chacra genésico emite energia sexual. E o chacra frontal também emite energia mental, porque o ato sexual também é produto do pensamento. E o chacra umbilical também emite energia emocional, porque o ato sexual gera emoção. E o chacra cardíaco poderá também emitir energia sentimental, se o ato sexual gerar sentimento. Quando o ser humano está em meditação sublime, aquele estado de pureza d'alma ativará o chakra coronário, que emitirá suas energias próprias, que são as mais elevadas que o ser humano pode gerar. Além disto, também os seus chakras frontal e cardíaco emitirão as mais elevadas energias mentais e sentimentais, respectivamente." Descrição dos sete chakras No corpo humano há sete chakras principais ou centros de energia. Normalmente listados de cima para baixo ou vice-versa. Depende do escritor. Fato é que os sete chakras são alinhados ao longo de um eixo verticalmente corrente pelo corpo, que provê uma geometria natural nos chakras. Seguindo-se este eixo vertical que se encaixa dentro da coluna vertebral humana, em sua extremidade superior temos o chakra coronário e na inferior o chakra básico. Há autores e espiritualistas que consideram o chakra esplênico como um dos sete principais, o que é um grande erro. Ele é um chakra secundário. Destaca Pierre Weil que os chakras não estão isolados uns dos outros; eles mantêm uma influência recíproca. "Os chacras inferiores retêm o homem na vida animal, propiciando-lhe, no entanto, as energias necessárias à sobrevivência, enquanto os superiores buscam acelerar a evolução do indivíduo." No Yoga se afirma que cada chakra é constituído metade dele mesmo e metade dos seis chacras restantes. As características funcionais de um chacra seriam, assim influenciadas pelos outros chacras." (Vide Pierre Weil, op. Cit.). Os chakras não são simples centros energéticos, mas também centros de consciência. A esse respeito, esclarece o Lama Anagarika Govinda: "Enquanto que, de acordo com as concepções ocidentais, o cérebro é a sede exclusiva da consciência, a experiência iogue mostra que nossa consciência cerebral é apenas "uma" entre muitas formas possíveis de consciência, e de acordo com suas funções e natureza, pode ser localizada ou centralizada em vários órgãos do corpo.Estes "órgãos" que coletam, transformam e distribuem as forças que fluem através deles são chamados de chacras ou centros de força. Deles irradiam correntes secundárias de força psíquica, comparáveis aos raios de uma roda, às varetas de um guarda-chuva, ou às pétalas de um lótus. Jung os considera também centros de consciência, ou seja, "uma espécie de graduação de consciência que vai desde a região do períneo até o topo da cabeça" (fundamentos de psicologia Analítica, Vozes, 1972, pg.26). E reafirmou na conversação: "Os chacras são centros de consciência. Os inferiores são centros de animal. Existem outros centros ainda abaixo do Muladhara."(pg.72). Coronário: do sânscrito,Sahashara "o lótus das mil pétalas". Localizado no topo da cabeça, ligado à glândula pinel (epífise). Bijamantra: não tem. O despertamento deste chakra se dá em decorrência do desenvolvimento dos outros chakras, principalmente o frontal. Favorece a expansão da consciência, do nirvana (Budismo), samadhi ou consciência cósmica. Atua na memória, quando de retorno das saídas do corpo (viagens astrais). Possui 972 "pétalas", exatamente, onde 12 são internas e 960 são externas. Estas 12 pétalas internas possuem íntima ligação com o chacra cardíaco, obrigando ao ser humano evoluir pelo amor. Frontal: Ajna "centro de comando". Na testa, ligado à glândula hipófise (pituitária). Bijamantra: OM. Quem sente o frontal vibrar, pulsar ou latejar, é porque já despertou a kundalini, ocorrência comum nos médiuns desenvolvidos. Quando ativado, desperta a clarividência e a intuição e dá as seguintes sensações na testa: pulsações, ardência, rachadura, intumescimento. Possui 96 pétalas. Laríngeo: vishudda, "o purificador". Localizado na garganta, ligado à glândula tireoide (e paratireoides). Bijamantra: ham. Ligado às cordas vocais (comunicação), boca (mastigação e salivação) e traqueia e laringe ( respiração). Quando bem desenvolvido, favorece a comunicação. Médiuns de psicofonia possuem o chakra laríngeo desenvolvido. Possui 16 pétalas. Cardíaco: Anahata, "invicto", "inviolado". No meio do peito, ligado à glândula timo.Bijamantra: yam. Trabalha a área cárdiorrespiratória e os sentimentos. O coração sofre a ação do que a consciência sente em nível afetivo. Possui 12 pétalas. Umbilical: Manipula, "cidade das jóias". Cerca de dois centímetros acima do umbigo (controla toda a região do plexo solar), ligado à glândula pâncreas; Bijamantra: ram (pronuncia-se "ra"m). Também chamado de cérebro abdominal ou coração-moral-das-entranhas. Quando está aberto , funciona como um radar psíquico. Sente sem ver, instinto. Alimentação viscosa bloqueia este chakra, como: nozes, cafeína, castanha de caju, amendoim e chocolate, do qual médiuns e projetores devem evitar próximo ao momento de seus trabalhos espirituais. Este chakra é responsável pelas emoções mais instintivas (média da humanidade): ódio, inveja, ciúme,raiva, orgulho, vaidade, medo, egoísmo e outros sentimentos densos. Possui 10 pétalas. Sexual: Swdhistana, "morada do Prazer". Na região do baixo ventre (pela sua própria localização no corpo, esse chakra seria melhor denominado como "gênito-urinário"), ligado às gônadas (homem: testículos: mulher: ovários); Bijamantra: vam. Possui 6 pétalas. Básico: Muladhara, "base e fundamento", "suporte". Na base da coluna, ligado às glândula suprarrenais. Bijamantra: lam. Sede da kundalini, fogo serpentino ou poder ígneo. Quando bem desenvolvido, propicia autoconfiança, segurança e prazer em viver. Possui 4 pétalas. Quanto aos chakras básicos e sexual: a ligação desses dois chakras é estreita demais. Isso se deve ao fato de que parte da energia kundalini é veiculada do básico para dentro do chakra sacro (sexual). Em função desse fator, alguns tibetanos consideram esses dois chakra um único centro. Há muito mais chakras do que os sete principais. Há chakras secundários nas palmas das mãos (palmochakras), plantas dos pés, pulmões, fígado, estômago, orelhas, mandíbulas, ombros, joelhos, entre as escápulas (omoplatas). Na verdade, os chakras estão espalhados por todo corpo. Para cada poro do corpo, há um pequeno chakra em correlação direta, no campo vibratório correspondente. Os chakras, o Livro dos Espíritos e os Upanishads A referência aos chakras como centros de consciência permite-nos entender melhor uma passagem de O Livro dos Espíritos, que, literalmente entendida, já se mostrava defasada na época de sua recepção. Na questão de n* 146, Allan Kardec registrou o ensinamento dos espíritos sobre a sede da alma: "146- A alma tem sede determinada e circunscrita no corpo? R.- Não, mas ela está particularmente na cabeça dos grades gênios, em todos aqueles que pensam muito, no coração daqueles que sentem muito e cujas ações dizem respeito a toda humanidade. - Que se deve pensar da opinião daqueles que colocam a alma num centro vital? R- Quer dizer que o espírito habita de preferência nessa parte de vosso organismo, pois que ali desembocam todas as sensações. Aqueles que a colocam no que eles consideram como o centro de vitalidade a confundem com o fluido ou o princípio vital. Pode, todavia, dizer-se que a sede da alma está particularmente no órgãos que servem às manifestações intelectuais e morais". Do mesmo modo que os plexos são formados pela concetração da rede nervosa, os chakras ou centros de força o são pela concentração das nadis. A Mundaka Upanishad define o chakra como o local "onde as nadis se encontram como os raios no cubo de uma roda de carruagem". Segundo Michel Coquet, os chakras maiores seriam o resultado da junção de 21 nadis, os menores seriam o resultado da junção de 14 ou de 7 nadis. Tara Michel, todavia, entende que a disposição das nadis está relacionada com o número de pétalas que eles apresentam: o número e a posição das nadis que circundam o chakra seria responsável pelo número delas. Em geral, costuma-se fazer referência a sete chakras. São os chakras maiores, mas não únicos. O destaque dá-se porque eles estão envolvidos com o desenvolvimento epiritual do indivíduo e cada um deles está ligado à determinada glândula do corpo humano. No entanto, existem muitos outros, inclusive abaixo da coluna vertebral, como os situados na planta dos pés (atala), no dorso dos pés (vitala), na articulação superior da perna com o pé (nitala), no joelho (sutala), na parte inferior da coxa (mahatala), parte média da coxa (talatala) e a parte superior da coxa (rasatala). Além desses, é importante destacar o chakra mesentérico (esplênico ou do baço), em geral omitido pela literatura hindu. Esse chakra, apesar de sua importância para a saúde e para o sistema imunológico, não tem especial função no sistema de desenvolvimento espiritual e não está ligado a uma glândula, sendo, por isso, possivelmente omitido naquelas escrituras. Leadbeater refere-se à existência de um segundo chakra secundário à altura do coração, abaixo do cardíaco, mas Aurobindo o nega: "Nunca ouvi falar de dois lótus no centro do coração; mas ele é a sede de dois poderes: na frente, o mais vital, mais alto ou ser emocional, atrás, e escondido, o ser psíquico ou alma".   Trecho de artigo publicado na                                      revista Caminho Espiritual 02, do Dr. Elzio Ferreira de Souza Postado por Casa Espírita Raio de Sol às 17:05 Nenhum comentário:

domingo, 1 de julho de 2012

IGREJA CATÓLICA JÁ RECONHECE COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS


IGREJA CATÓLICA JÁ RECONHECE COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS

Recentemente foi lançado no mercado cultural um livro mediúnico trazendo as reflexões de um padre depois da morte, atribuído, justamente, ao Espírito Dom Helder Câmara, bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife, desencarnado no dia 28 de agosto de 1999, em Recife (PE).
O livro psicografado pelo médium Carlos Pereira, da Sociedade Espírita Ermance Dufaux, de Belo Horizonte, causou muita surpresa no meio espírita e grande polêmica entre os católicos. O que causou mais espanto entre todos foi a participação de Marcelo Barros, monge beneditino e teólogo, que durante nove anos foi secretário de Dom Helder Câmara, para a relação ecumênica com as igrejas cristãs e as outras religiões.

Marcelo Barros secretariou Dom Helder Câmara no período de 1966 a 1975 e tem 30 livros publicados. Ao prefaciar o livro Novas Utopias, do espírito Dom Helder, reconhecendo a autenticidade do comunicante, pela originalidade de suas idéias e, também, pela linguagem, é como se a Igreja Católica viesse a público reconhecer o erro no qual incorreu muitas vezes, ao negar a veracidade do fenômeno da comunicação entre vivos e mortos, e desse ao livro de Carlos Pereira, toda a fé necessária como o Imprimátur do Vaticano. É importante destacar, ainda, que os direitos autorais do livro foram divididos em partes iguais, na doação feita pelo médium, à Sociedade Espírita Ermance Dufaux e ao Instituto Dom Helder Câmara, de Recife, o que, aliás, foi aceito pela instituição católica, sem qualquer constrangimento.

No prefácio do livro aparece também o aval do filósofo e teólogo Inácio Strieder e a opinião favorável da historiadora e pesquisadora Jordana Gonçalves Leão, ambos ligados à Igreja Católica. Conforme eles mesmos disseram, essa obra talvez não seja uma produção direcionada aos espíritas, que já convivem com o fenômeno da comunicação, desde a codificação do Espiritismo; mas, para uma grandiosa parcela da população dentro da militância católica, que é chamada a conhecer a verdade espiritual, porque "os tempos são chegados", estes ensinamentos pertencem à natureza e, conseqüentemente, a todos os filhos de Deus.

A verdade espiritual não é propriedade dos espíritas ou de outros que professam estes ensinamentos e, talvez, porque, tenha chegado o momento da Igreja Católica admitir, publicamente, a existência espiritual, a vida depois da morte e a comunicação entre os dois mundos.

Na entrevista com Dom Helder Câmara, realizada pelos editores, o Espírito comunicante respondeu as seguintes perguntas sobre a vida espiritual:

Dom Helder, mesmo na vida espiritual, o senhor se sente um padre?

Não poderia deixar de me sentir padre, porque minha alma, mesmo antes de voltar, já se sentia padre. Ao deixar a existência no corpo físico, continuo como padre porque penso e ajo como padre. Minha convicção à Igreja Católica permanece a mesma, ampliada, é claro, com os ensinamentos que aqui recebo, mas continuo firme junto aos meus irmãos de Clero a contribuir, naquilo que me seja possível, para o bem da humanidade.

Do outro lado da vida o senhor tem alguma facilidade a mais para realizar seu trabalho e exprimir seu pensamento, ou ainda encontra muitas barreiras com o preconceito religioso?

Encontramos muitas barreiras. As pessoas que estão do lado de cá reproduzem o que existe na Terra. Os mesmos agrupamentos que se formam aqui se reproduzem na Terra. Nós temos as mesmas dificuldades de relacionamento, porque os pensamentos continuam firmados, cristalizados em crenças em determinados pontos que não levam a nada. Resistem à idéia de evolução dos conceitos. Mas, a grande diferença é que por estarmos com a vestimenta do espírito, tendo uma consciência mais ampliada das coisas podemos dirigir os nossos pensamentos de outra maneira e assim influenciar aqueles que estão na Terra e que vibram na mesma sintonia.

Como o senhor está auxiliando nossa sociedade na condição de desencarnado?
Do mesmo jeito. Nós temos as mesmas preocupações com aqueles que passam fome, que estão nos hospitais, que são injustiçados pelo sistema que subtrai liberdades, enriquece a poucos e colocam na pobreza e na miséria muitos; todos aqueles desvalidos pela sorte. Nós juntamos a todos que pensam semelhantemente a nós, em tarefas enobrecedoras, tentando colaborar para o melhoramento da humanidade.

Como é sua rotina de trabalho?

A minha rotina de trabalho é, mais ou menos, a mesma... Levanto-me, porque aqui também se descansa um pouco, e vamos desenvolver atividades para as quais nos colocamos à disposição. Há grupos que trabalham e que são organizados para o meio católico, para aqueles que precisam de alguma colaboração. Dividimo-nos em grupos e me enquadro em algumas atividades que faço com muito prazer.

Qual foi a sua maior tristeza depois de desencarnado? E qual foi a sua maior alegria?
Eu já tinha a convicção de que estaria no seio do Senhor e que não deixaria de existir.
Poder reencontrar os amigos, os parentes, aqueles aos quais devotamos o máximo de nosso apreço e consideração e continuar a trabalhar, é uma grande alegria. A alegria do trabalho para o Nosso Senhor Jesus Cristo.

O senhor, depois de desencarnado, tem estado com freqüência nos Centros Espíritas?
Não. Os lugares mais comuns que visito no plano físico são os hospitais; as casas de saúde; são lugares onde o sofrimento humano se faz presente. Naturalmente vou à igreja, a conventos, a seminários, reencontro com amigos, principalmente em sonhos, mas minha permanência mais freqüente não é na casa espírita.

O senhor já era reencarnacionista antes de morrer?
Nunca fui reencarnacionista, diga-se de passagem. Não tenho sobre este ponto um trabalho mais desenvolvido porque esse é um assunto delicado, tanto é que o pontuei bem pouco no livro. O que posso dizer é que Deus age conforme a sua sabedoria sobre as nossas vidas e que o nosso grande objetivo é buscarmos a felicidade mediante a prática do amor. Se for preciso voltar a ter novas experiências, isso será um processo natural.

Qual é o seu objetivo em escrever mediunicamente?
Mudar, ou pelo menos contribuir para mudar, a visão que as pessoas têm da vida, para que elas percebam que continuamos a existir e que essa nova visão possa mudar profundamente a nossa maneira de viver.
Minha tentativa de adaptação a essa nova forma de escrever foi muito interessante, porque, de início, não sabia exatamente como me adaptar ao médium para poder escrever. É necessário que haja uma aproximação muito grande entre o pensamento que nós temos com o pensamento do médium. É esse o grande de todos nós porque o médium precisa expressar aquilo que estamos intuindo a ele. No início foi difícil, mas aos poucos começamos a criar uma mesma forma de expressão e de pensamento, aí as coisas melhoraram. Outros (médiuns) pelos quais tento me comunicar enfrentam problemas semelhantes.

Foi uma surpresa saber que poderia se comunicar pela escrita mediúnica?
Não. Porque eu já sabia que muitas pessoas portadoras da mediunidade faziam isso. Eu apenas não me especializei, não procurei mais detalhes, deixei isso para depois, quando houvesse tempo e oportunidade. Imaginamos que haja outros padres que também queiram escrever mediunicamente, relatarem suas impressões da vida espiritual.

Por que Dom Helder é quem está escrevendo?
Porque eu pedi. Via-me com a necessidade de expressar aos meus irmãos da Terra que a vida continua e que não paramos simplesmente quando nos colocam dentro de um caixão e nos dizem "acabou-se". Eu já pensava que continuaria a existir, sabia que IGREJA CATÓLICA JÁ RECONHECE COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS haveria algo depois da vida física. Falei isso muitas vezes. Então, senti a necessidade de me expressar por um médium quando estivesse em condições e me fossem dadas as possibilidades. É isto que eu estou fazendo.

Outros padres, então, querem escrever mediunicamente em nosso País?
Sim. E não poucos. São muitos aqueles que querem usar a pena mediúnica para poder expressar a sobrevivência após a vida física. Não o fazem por puro preconceito de serem ridicularizados, de não serem aceitos, e resguardam as suas sensibilidades espirituais para não serem colocados numa situação de desconforto. Muitos padres, cardeais até, sentem a proteção espiritual nas suas reflexões, nas suas prédicas, que acreditam ser o Espírito Santo, que na verdade são os irmãos que têm com eles algum tipo de apreço e colaboram nas suas atividades.

Como o senhor se sentiu em interação com o médium Carlos Pereira?
Muito à vontade, pois havia afinidade, e porque ele se colocou à disposição para o trabalho. No princípio foi difícil juntar-me a ele por conta de seus interesses e de seu trabalho. Quando acertamos a forma de atuar, foi muito fácil, até porque, num outro momento, ele começou a pesquisar sobre a minha última vida física. Então ficou mais fácil transmitir-lhe as informações que fizeram o livro.

O senhor acredita que a Igreja Católica irá aceitar suas palavras pela mediunidade?
Não tenho esta pretensão. Sabemos que tudo vai evoluir e que um dia, inevitavelmente, todos aceitarão a imortalidade com naturalidade, mas é demais imaginar que um livro possa revolucionar o pensamento da nossa Igreja. Acho que teremos críticas, veementes até, mas outros mais sensíveis admitirão as comunicações. Este é o nosso propósito.

É verdade que o senhor já tinha alguns pensamentos espíritas quando na vida física?
Eu não diria espírita; diria espiritualista, pois a nossa Igreja, por si só, já prega a sobrevivência após a morte. Logo, fazermos contato com o plano físico depois da morte seria uma conseqüência natural. Pensamentos espíritas não eram, porque não sou espírita. Sem nenhum tipo de constrangimento em ter negado alguns pensamentos espíritas, digo que cheguei a ter, de vez em quando, experiências íntimas espirituais.

Igreja - Há as mesmas hierarquias no mundo espiritual?
Não exatamente, mas nós reconhecemos os nossos irmãos que tiveram responsabilidades maiores e que notoriamente tem um grau evolutivo moral muito grande. Seres do lado de cá se reconhecem rapidamente pela sua hombridade, pela sua lucidez, pela sua moralidade. Não quero dizer que na Terra isto não ocorra, mas do lado de cá da vida isto é tudo mais transparente; nós captamos a realidade com mais intensidade. Autoridade aqui não se faz somente com um cargo transitório que se teve na vida terrena, mas, sobretudo, pelo avanço moral.

Qual seu pensamento sobre o papado na atualidade?
Muito controverso esse assunto. Estar na cadeira de Pedro, representando o pensamento maior de Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma responsabilidade enorme para qualquer ser humano. Então fica muito fácil, para nós que estamos de fora, atribuirmos para quem está ali sentado, algum tipo de consideração. Não é fácil. Quem está ali tem inúmeras responsabilidades, não apenas materiais, mas descobri que as espirituais ainda em maior grau. Eu posso ter uma visão ideológica de como poderia ser a organização da Igreja; defendi isso durante minha vida. Mas tenho que admitir, embora acredite nesta visão ideal da Santa Igreja, que as transformações pelas quais devemos passar merecem cuidado, porque não podemos dar sobressaltos na evolução. Queira Deus que o atual Papa Ratzinger (Bento XVI) possa ter a lucidez necessária para poder conduzir a Igreja ao destino que ela merece.

O senhor teria alguma sugestão a fazer para que a Igreja cumpra seu papel?
Não preciso dizer mais nada. O que disse em vida física, reforço. Quero apenas dizer que quando estamos do lado de cá da vida, possuímos uma visão mais ampliada das coisas. Determinados posicionamentos que tomamos, podem não estar em seu melhor momento de implantação, principalmente por uma conjuntura de fatores que daqui percebemos. Isto não quer dizer que não devamos ter como referência os nossos principais ideais e, sempre que possível, colocá-los em prática.

Espíritas no futuro?
Não tenho a menor dúvida. Não pertencem estes ensinamentos a nossa Igreja, ou de outros que professam estes ensinamentos espirituais. Portanto, mais cedo ou mais tarde, a nossa Igreja terá que admitir a existência espiritual, a vida depois da morte, a comunicação entre os dois mundos e todos os outros princípios que naturalmente decorrem da vida espiritual.
IGREJA CATÓLICA JÁ RECONHECE COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS

Quais são os nomes mais conhecidos da Igreja que estão cooperando com o  progresso do Brasil no mundo espiritual?
Enumerá-los seria uma injustiça, pois há base em todas as localidades. Então, dizer um nome ou outro seria uma referência pontual porque hámuitos, que são poucos conhecidos, mas que desenvolvem do lado de cá da vida um trabalho fenomenal e nós nos engajamos nestas iniciativas de amor ao próximo.

Amor - Que mensagem o senhor daria especificamente aos católicos agora, depois da morte?
Que amem, amem muito, porque somente através do amor vai ser possível trazer um pouco mais de tranqüilidade à alma. Se nós não tentarmos amar do fundo dos nossos corações, tudo se transformará numa angústia profunda. O amor, conforme nos ensinou o Nosso Senhor Jesus Cristo, é a grande mola salvadora da humanidade.

Que mensagem o senhor deixaria para nós, espíritas?
Que amem também, porque não há divisão entre espíritas e católicos ou qualquer outra crença no seio do Senhor. Não há. Essa divisão é feita por nós, não pelo Criador. São aceitáveis porque demonstram diferenças de pontos de vista, no entanto, a convergência é única, aqui simbolizada pela prática do amor, pois devemos unir os nossos esforços.

Que mensagem o senhor deixaria para os religiosos de uma maneira geral?
Que amem. Não há outra mensagem senão a mensagem do amor. Ela é a única e principal mensagem que se pode deixar.

Autor: Dom Helder Câmara (espírito)
Médium: Carlos Pereira
Editora: Dufaux
Site: 
www.editoradufaux.com.br <http://www.editoradufaux.com.br